segunda-feira, 9 de abril de 2012

NÃO SE PERTENCER...




Abriu os olhos, o gosto de ressaca era nítido na sua boca, engoliu uma saliva. Não queria olhar do lado, sentiu medo do que iria ver.

Arriscou. Fechou os olhos, seu coração doeu.

Levantou foi até o banheiro e  vomitou.
Vomitou a bebida, a noite que se ia , vomitou a vida.
Abriu o chuveiro,  o barulho da água caindo abrandou a dor em seu coração.

Desejou que junto com a água que ia pelo ralo também fosse embora seus medos. Começou a chorar,  seu peito rasgava e as lágrimas queimavam a pele do seu rosto.

Nesse momento chegou a desejar a morte, como uma forma de libertação.
 Estava tão frágil  como se toda a sua força tivesse se esvaindo pelo ralo, sentia que estava derretendo perdendo o solidez.

Se deixou ir... não tinha muito a se fazer,  foi se encolhendo apertando o estômago que doía.
Quando viu estava sentada no chão e a água cobrindo todo o seu corpo.

Sentiu vontade de ficar ali para sempre.

O dia estava amanhecendo e junto com a noite que  estava indo embora,   ia também um pedaço de si.

Sentiu aquela vontade de ir embora.
Já não se pertencia.

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